Friday, August 12, 2005

Quase dúvida

Ele deixou que ela se fosse na tarde cinza. Viu seu corpo sumir por entre as ruas. Tentou ainda ouvir os passos, como se fosse ter alguma coisa dela, como se ainda pudesse correr atrás, voltar atrás. O tempo não passa. Outro dia qualquer ela volta. Volta porque é para isso mesmo que ela nasceu. Esse é o seu destino, não adianta fugir. Ela também sabe.

Eis que surge no final da rua. Uma ponta acessa de cigarro. Os cabelos despenteados, delatava que era ela. Ela voltou. Ela sabia que voltaria. O abraço era o início de todo fim. O beijo era o final de qualquer começo!


E eles cantavam assim:

"Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo céu
Fiz de tudo cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios

E quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar

Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar e ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem

Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios

Sei que tanto te soltei
Que você me quis
Em todo o lugar
Li em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso

Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar e ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria o que eu fazia o que mais?
E alguma coisa a gente tem que amar
Mas o q não sei mais

Os dias que eu me vejo só são dias
Que eu me encontro mais e mesmo assim
Eu sei também existe alguém pra me libertar"

(Los Hermanos - Rodrigo Amarante)

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